terça-feira, 6 de julho de 2010

A Portuguesa foi escrita por um alemão ?

ALFREDO KEIL

A sua chegada ao mundo teve lugar no ano de 1850, na cidade de Lisboa, onde o pai, de origem alemã, trabalhava como alfaiate (mestre de costura de fidalgos da corte e era um homem muito culto e de fino bom gosto).
A mãe, por sua vez, era de origem francesa, aliás uma senhora de excelente educação. Dos dois recebeu muito carinho, muito apoio e meios para ter uma esmerada educação, quer moral, quer no domínio intelectual. Tinha 12 anos quando fez imprimir a sua primeira obra, intitulada "Pensée Musicale", que dedicou à mãe. A música sempre o seduziu e nela veio a ocupar um lugar de muito destaque. Mas, ainda adolescente, enveredou pela Pintura e, também aí, deu provas de um génio. Por isso, ao longo da vida manteve e cultivou esses dois grandes amores: Música e Belas-Artes.
Viajou para Nuremberga e para Munique, com o intuito de usufruir do saber de grandes mestres, sem esquecer que os teve de excelente carreira na sua cidade natal.
Estudou Pintura com Joaquim Prieto, Miguel Lupi, Kremling e Von Kaulbach. A música foi-lhe ministrada por António Soares, Ernesto Vieira, Óscar da la Cinna. Pupilo de tão talentosos pedagogos, começaram a nascer e a crescer frutos sazonados e de extraordinária qualidade. Pintou cerca de dois mil quadros paisagísticos, românticos e cenas geniais. Na música produziu centenas de trechos sonoros (três óperas, polcas, fados, valsas, melodias para piano e canto e diversos outros géneros musicais).
Como pintor, introduziu em Portugal cores e temas germânicos, já que o nosso país era um protector cultural francês.
Quanto à música, estando a nossa produção muito enfeudada aos italianos, porque quase só as óperas italianas eram aplaudidas e postas em cena, imprimiu à sua música um cunho e uma componente nacionalista. A ópera "Serrana" dá início a esse grande ciclo de viragem para um género puramente português. As outras duas óperas são: "Irene" e "D. Branca"- esta última foi um verdadeiro sucesso, que quase fez abater o S. Carlos.
Pintou Portugal, quase de uma ponta a outra, mas essencialmente, o vale de Colares, local da sua residência. Percorreu as terras do interior e do litoral e vagueou por zonas longínquas, como a Baviera, a Normandia, Fontainbleau, Babizon e desde o lago de Magrose até Nápoles. Pintou inúmeros roteiros, pelo menos cinquenta álbuns, devidamente equacionados, repletos de impressões. Dominou várias manifestações superiores e distinguiu-se, quer na conversação, quer graficamente, seis idiomas. A sua presença foi sempre muito desejada nos salões de toda a Europa. Os reis obsequiaram-no com vénias, ordens e comendas. Os republicanos conspiraram contra o seu hino, "A Portuguesa", inspirado pela ofensa do ultimato inglês - 1891. Todos, porém, o coroaram: os monárquicos e os republicanos. E ele, com o seu hino (onde se enquadram maravilhosamente as estrofes escritas por Henrique Lopes Mendonça) coroou a República.
Casou-se com Cleyde Cinatty, filha de um arquitecto e cenógrafo italiano. E, para encerrar o ciclo de internacionalizações, no ano de 1907, faleceu em Hamburgo, onde foi conduzido para ser submetido a uma melindrosa operação cirúrgica.

4 comentários:

  1. Ser português é um estado de alma, nascer em Portugal ou querer ser português são as premissas

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  2. É bom que os portugueses se lembrem da sua cultura tantas vezes esquecida, num gavetão qualquer, da memória profunda.
    É um bom começo. O Hino de Portugal, ouvido em todo o mundo e, poderemos até dizer que com alguma frequência.
    Não nos podemos esquecer do autor da letra de Henrique Lopes de Mendonça, que deixou um grande legado aos portugueses, militar, arqueólogo naval, dramaturgo, romancista, etc. Da sua bibliografia consta obras teatrais, poesias, romances e estudos históricos,entre outros

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  3. sinto orgulho de sr português

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  4. mais orgulhoso que este homem em ser português não é possível é realmente uma personagem de tirar o fôlego

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