quarta-feira, 21 de julho de 2010

FARROBODÓ o conde rapioqueiro ou intelectual megalómano ?

Joaquim Pedro Quintela, 2º Barão de Quintela e 1º Conde de Farrobo, nasceu em Lisboa, no palácio de sua família, na Rua do Alecrim, a 11 de Dezembro de 1801, onde veio a falecer, a 24 de Setembro de 1869. Seus ascendentes eram das nobres e ilustres famílias dos Pereiras e dos Rebelos, fidalgos de linhagem. Seus pais foram o 1º Barão de Quintela e D. Maria Joaquina Xavier de Saldanha.
Era um entusiasta da monarquia constitucional e da causa de D.Maria II que muito lhe deveu, principalmente em auxílio monetário. A proclamação do regime absolutista em 1828 deu-lhe um grande desgosto.
O título de conde foi-lhe conferido por D. Pedro IV, tirado do nome de uma propriedade sua - Quinta do Farrobo, próxima de Vila Franca de Xira e uma das mais importantes dos arredores de Lisboa, onde teve palácio e teatro.
Joaquim Pedro Quintela não foi uma figura banal do seu tempo e não pode separar-se da história da sumptuosa propriedade que lhe engrandeceu a sua personalidade de artista.
O palácio Farrobo recebeu de si a divisa «OTIA TUTA», isto é «Toda Prazeres», os prazeres colhidos das manifestações artísticas.
Aqui o repouso era absoluto, e as preocupações terrenas diluíam-se no ambiente celestial da arte.
Rodeou-se de imensa grandiosidade e organizou sumptuosos festejos, de um viver opulento que deram origem à expressão popular «farrobodó», derivada do seu título nobre.
Na sua época foi considerado um grande mecenas sobretudo da arte musical portuguesa e a quem todas as fantasias musicais eram permitidas.
Cantor e excelente executante de orquestra, perito em trompa, Farrobo foi ainda presidente da Academia de Música e segundo empresário do Teatro Nacional de S. Carlos, em 1838. A sua gerência tornou-se principalmente notável pelos artistas célebres que contratou, entre os quais se contavam os de maior renome de então.
Dispensou, no entanto, a sua atenção a outras manifestações artísticas e exerceu as funções de Inspector-Geral dos teatros. Porém, não foi apenas animador de festas mundanas, nem exclusivamente amigo das artes. Tendo exercido outras actividades, nomeadamente a gestão do monopólio dos tabacos, pelo qual entregava ao Estado 1200 contos anuais.
Quando faleceu em 1869, estava à beira da ruína. Perdera uma importante demanda comercial, e nos últimos dias vivia duma pensão do Estado, tendo renunciado ao título.
O empobrecimento do conde de Farrobo determinou a venda dos seus bens em hasta pública.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

entrevista histórica a Bocage

Bocage por detrás da história

du Bocage um francês de Portugal?

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só memento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou cagando ao vento.
-- Bocage

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Requiem

A terra molda o português - João Domingos Bomtempo um português clássico

Era filho de Francesco Saverio Bomtempo (italiano), oboísta na Corte de Lisboa, e que veio a ser o seu primeiro professor de Música. Desde cedo iniciou os estudos de música, oboé e contraponto, com seu pai que viera para Portugal no tempo de D. José. Estudou no Seminário Patriarcal, aos 14 anos foi admitido na Irmandade de Santa Cecília como cantor da Capela Real da Bemposta e aos vinte anos tomou o lugar de seu pai, entretanto falecido, na Real Câmara.

Em 1801 o músico decide ir para França contrariando o costume dos músicos portugueses da época e pôs de lado uma eventual continuação dos seus estudos em Itália. Assim, nesta data, no rescaldo da assinatura do Tratado de Badajoz e com o agravamento das condições políticas e militares, vai para Paris, onde encontra o melhor ambiente para desenvolver a sua vocação musical onde conviveu com o grupo de exilados adeptos das novas correntes filosóficas e políticas, que se reuniam à volta do egrégio poeta Filinto Elísio. Com esta atitude comprometeu a sua carreira no campo operático. Acolhido por este grupo de emigrantes que partilham as suas ideias liberais inicia uma carreira de pianista virtuoso inspirado por Clementi, Cramer, Dussek (músico muito apreciado por Chopin) e outros, ao mesmo tempo que estreia ele mesmo algumas das suas primeiras composições. É dessa época, a Grande Sonata para Piano, dedicada a Sua Alteza Real, a Princesa de Portugal. Op. 1”, o Primeiro Concerto em Mi bemol para Piano e Orquestra, Op. 2, o Segundo Concerto para Piano, Op. 3, as Variações sobre o «Minueto Afandangado», Op. 4 e ainda, Elogio aos Faustíssimos Dias de S. S. D. Carlota Joaquina. Op. 5.

As primeiras obras de Bomtempo são muito apreciados pelos parisienses e prontamente publicadas pelas casas Leduc e Pleyel em Paris. Estas obras têm forte inspiração em Clementi. Quando em 1804 atinge uma fama realmente importante, aparece, entre outros lugares, na Salle Olympique como pianista e compositor.

Fonte: Wikipédia

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Uma breve explicação

Este blogue nasce por acaso. Nasce porque me lembrei de experimentar umas tecnologias e vai daí e fiz um site
(http://sites.google.com/site/portugalculturaportuguesa),no qual, uma vez que não tinha mais assunto nenhum para seu conteúdo, resolvi colocar tudo que sei e me lembro sobre a cultura portuguesa, pessoas, obras, etc. Não por ser nacionalista, ou sofra de qualquer doença dessas, mas simplesmente porque sou português, gosto da nossa paisagem, cultura e de uma -boa - certa maneira de ser dos portugueses com a qual me identifico.

Ser português, para alguns é gritar golo da selecção de futebol, para outros, que às vezes também gostam de gritar golo, é muito mais. Eu gosto de ficar sufocado com o valor e exemplo de alguns portugueses, beber essa informação e ficar extasiado e porque não falar com quem me quiser ouvir sobre o assunto, partilhar e até divulgar e porque não, fugir à mediocridade, na qual me incluo, mas pretendo excluir-me?

Mas, não posso deixar de vos dizer que existem outras razões, que impulsionaram o tema.

Ultimamente, tenho-me encontrado com um autor português que puxou por mim. Fui pegando num, livro, após outro e esta vontade de admirar e querer saber e aprender vai crescendo e influenciando cada vez mais e eis-me aqui sem querer a escrever...

Pois, parece que ia, mas não me vou esquecer de vos dizer quem é o escritor, é o professor Fernando Campos, o qual escreve divinamente, não vale a pena imaginar-me ou fazer crer que sou um especialista literário, basta só dizer-vos que são livros escritos com um conteúdo tal que nos obriga a estar constantemente com o dicionário, a enciclopédia e tudo que pudermos consultar ao lado, não por ser difícil de entender, mas porque precisamos de acompanhar tanto saber. Aquilo que já li (A Casa do Pó, A Esmeralda Partida, A Sala das Perguntas, o Cavaleiro da Águia) é muito bom, mesmo. Tem um sabor especial, fala de grandes portugueses, de portugueses (sobre outros também) obriga-nos a reflectir, a querer saber, a ansiar ler outro livro de seguida que dê continuidade. Fala de reis, de príncipes, de politica de religião de povo, de costumes, de cheiros, sensações, descreve de uma maneira especialmente detalhada os locais, as pessoas, cheiros, sons, quase que sentimos que lá estamos presentes participando nos acontecimentos, faz-nos perceber porque somos e queremos ser portugueses, que, como dizem os historiadores (Oliveira Martins) não é uma questão de raça (a qual não possuímos, somos mestiços) mas sim por um querer, ou como diz o poeta Fernando Pessoa (causa é porque) a minha pátria é a língua portuguesa (leia-se também) a cultura portuguesa.

Não vou agora falar mais sobre este personagem, a seu tempo surgirá melhor e maior talento para o fazer, prometo.

Assim resta-me agradecer a paciência e participem, obrigado.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Portuguesa foi escrita por um alemão ?

ALFREDO KEIL

A sua chegada ao mundo teve lugar no ano de 1850, na cidade de Lisboa, onde o pai, de origem alemã, trabalhava como alfaiate (mestre de costura de fidalgos da corte e era um homem muito culto e de fino bom gosto).
A mãe, por sua vez, era de origem francesa, aliás uma senhora de excelente educação. Dos dois recebeu muito carinho, muito apoio e meios para ter uma esmerada educação, quer moral, quer no domínio intelectual. Tinha 12 anos quando fez imprimir a sua primeira obra, intitulada "Pensée Musicale", que dedicou à mãe. A música sempre o seduziu e nela veio a ocupar um lugar de muito destaque. Mas, ainda adolescente, enveredou pela Pintura e, também aí, deu provas de um génio. Por isso, ao longo da vida manteve e cultivou esses dois grandes amores: Música e Belas-Artes.
Viajou para Nuremberga e para Munique, com o intuito de usufruir do saber de grandes mestres, sem esquecer que os teve de excelente carreira na sua cidade natal.
Estudou Pintura com Joaquim Prieto, Miguel Lupi, Kremling e Von Kaulbach. A música foi-lhe ministrada por António Soares, Ernesto Vieira, Óscar da la Cinna. Pupilo de tão talentosos pedagogos, começaram a nascer e a crescer frutos sazonados e de extraordinária qualidade. Pintou cerca de dois mil quadros paisagísticos, românticos e cenas geniais. Na música produziu centenas de trechos sonoros (três óperas, polcas, fados, valsas, melodias para piano e canto e diversos outros géneros musicais).
Como pintor, introduziu em Portugal cores e temas germânicos, já que o nosso país era um protector cultural francês.
Quanto à música, estando a nossa produção muito enfeudada aos italianos, porque quase só as óperas italianas eram aplaudidas e postas em cena, imprimiu à sua música um cunho e uma componente nacionalista. A ópera "Serrana" dá início a esse grande ciclo de viragem para um género puramente português. As outras duas óperas são: "Irene" e "D. Branca"- esta última foi um verdadeiro sucesso, que quase fez abater o S. Carlos.
Pintou Portugal, quase de uma ponta a outra, mas essencialmente, o vale de Colares, local da sua residência. Percorreu as terras do interior e do litoral e vagueou por zonas longínquas, como a Baviera, a Normandia, Fontainbleau, Babizon e desde o lago de Magrose até Nápoles. Pintou inúmeros roteiros, pelo menos cinquenta álbuns, devidamente equacionados, repletos de impressões. Dominou várias manifestações superiores e distinguiu-se, quer na conversação, quer graficamente, seis idiomas. A sua presença foi sempre muito desejada nos salões de toda a Europa. Os reis obsequiaram-no com vénias, ordens e comendas. Os republicanos conspiraram contra o seu hino, "A Portuguesa", inspirado pela ofensa do ultimato inglês - 1891. Todos, porém, o coroaram: os monárquicos e os republicanos. E ele, com o seu hino (onde se enquadram maravilhosamente as estrofes escritas por Henrique Lopes Mendonça) coroou a República.
Casou-se com Cleyde Cinatty, filha de um arquitecto e cenógrafo italiano. E, para encerrar o ciclo de internacionalizações, no ano de 1907, faleceu em Hamburgo, onde foi conduzido para ser submetido a uma melindrosa operação cirúrgica.